quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Amizade

"Para conseguir a amizade
de uma pessoa digna 
é preciso desenvolvermos 
em nós mesmos as 
qualidades que naquela admiramos"

Sócrates


Por que será que as pessoas adultas se fecham pra amizades?


Quando somos crianças todas as outras crianças são possíveis amigos.
Quando uma criança chega a um lugar desconhecido apos os primeiros minutos de encabulamento, logo se dispõe a conversar com as outras crianças e pouco tempo de, pois já se tornam amigos
Quando uma criança vai à escola pela primeira vez, em sua maioria, o período de adaptação é difícil, mas depois de poucos dias freqüentando a escola, pronto já começa a contar do amigo o que aconteceu, o que o amigo disse, o que o amigo levou de lanche...
Em ambos os casos acontecem desentendimentos.
Por vezes levei meus filhos a lugares onde havia outras crianças e sempre acontecia uma ou outra disputa por brinquedos, ou até mesmo por espaço, que um acabava por um tirar da mão do outro, empurrar, chorar e aquilo virava em um bico pra cada lado. Mas depois de pouco tempo já os ouvia dizer -Olha aquele que é meu amigo!
Lembro dos primeiros meses dos meus filhos na escola, por vezes apareciam mordidos, ou arranhados, mas quando perguntados sobre o que tinha acontecido sempre me respondiam da mesma forma-Foi meu amigo!
Acredito que o que acontece com a criança é que são muito mais pacienciosos ante aos defeitos alheios do que os adultos. Ao mesmo tempo conseguem dizer não com muito mais facilidade e é aí, que mesmo diante de personalidades e educações diferentes pode surgir uma boa amizade.
A criança consegue mostrar ao outro que a mordida lhe irritou sendo por choro, grito e até por devolução da violência.
A criança consegue mostrar a outra criança qual o seu limite, sem que com isso tenham necessariamente de deixar de serem amigos.
Por tudo isso acho que laços de amizade formados na infância são tão fortes. Quem não tem um amigo ou amiga de infância cujas atitudes atuais não lhe agradam, mas é seu amigo, muitas vezes  até o considera mais do que aos irmãos.
E os irmãos? Quantos irmãos vivem anos em guerra e quando chegam à fase adulta tornam-se grandes amigos. 
Na fase adulta há uma tendência à seleção de pessoas com quem vamos conviver. Nesta fase costumamos construir amizades firmadas em valores semelhantes e acredito que é exatamente por este motivo que estas amizades não perduram como as da infância.
Julgamos o que é certo ou errado na vida do outro, julgamos o que o outro diz sem dar tréguas, oportunidades de aceitar a condição de amigo como alguém que nos gostamos pode ter opiniões diferentes.
Há pouco tempo assisti de camarote minha vida em uma reviravolta impressionante.
Nasci, morei, estudei, trabalhei durante toda a minha vida em São Paulo e por motivos que a vida impôs acabei por vir morar em uma cidade de pouco mais de 20, 000 habitantes.
Meus amigos de infância, de adolescência, de prédio, de colégio, de balada, de faculdade e até as minhas amigas mães,  como eu, acabaram por ficar a distancia e uma novíssima realidade se impôs na minha vida.
Não tinha mais a facilidade de me doar como me doava na infância e também já duvidava da sinceridade das pessoas, por puro preconceito. Foi uma fase sem amigos próximos.
E, foi só quando resolvi apostar de novo nas pessoas sem medo de que pudessem me usar criticar, ou até mesmo magoar, que novas amizades surgiram na minha vida
Hoje sei dizer exatamente o que gosto e o que não gosto, e digo sem medo de chatear meus amigos.
O que me agride, me faz mal e até onde as pessoas podem ir comigo, e isto facilitou muito os meus novos relacionamentos.
Meus amigos de verdade me conhecem e me aceitam, assim como eu os conheço e aceito também.
Por óbvio que nessa jornada muitos se perderam, alguns laços foram desfeitos, mas foi só assim que pude realmente enxergar que são meus verdadeiros amigos e hoje, posso afirmar com todo coração meus verdadeiros amigos, todos, sem exceção de nenhum tem alma de criança.
Também se doaram a mim, também aceitaram meus nãos e impuseram os seus também em algum momento se sentiram desconfortáveis com alguma reação minha, algum comportamento...
Mas, como diz meu pai, ninguém é tão bom ou tão ruim, nem eu nem eles. Mas para descobrir os outros é necessário se entregar e permitir que te descubram também e é aí que mora a dificuldade, se permitir essa vulnerabilidade, mas quando dá certo é impagável!!!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fogão à lenha




"Saudade louca de ouvir
um som manhoso do
berrante preguiçoso nos 
confins do meu sertao."
Mágoa de Boiadeiro

Penso que toda casa tem a alma dos moradores, criada pelos pensamentos, sentimentos e hábitos de quem mora ali, mas coração só tem a casa que tem um fogão à lenha.
 Desde sempre, quando enxergo em uma casa um fogão à lenha me vem uma sensação de alívio, como se as pessoas que ali moram falassem o mesmo idioma que eu.
 Todas as imagens que me vêm à memória, quando penso em fogão à lenha, estão ligadas à família, às reuniões de domingo, às avós e avôs e pequenos dedinhos roubando o torresmo que acabou de ficar pronto.
O cheiro é de carne de porco e de temperos frescos cortados aos montes sobre grandes tabuas de madeira e a lenha. Ah, o cheiro da lenha queimando...
Quando penso no fogão à lenha, penso em mulheres cozinhando e conversando, em homens bebendo e tocando violão, mas todos juntos, ao redor do fogão à lenha. A imagem que me vem à mente é de conforto, aconchego. Lembro das grandes panelas de barro e de ferro borbulhando feijão e caldo de mandioca com carne seca.
E o bule?Quem não imagina o bule esmaltado azul, descasando a borda, fumegando no fogão, o café coado no filtro de pano.
As compotas de frutas em grandes vidros, com as tampas envoltas em tecido xadrez, amontoados pelas prateleiras.


A querida Silvia Correa Petroucic, de Barretos escreveu um livro que eu amo.
Em meio a muitas ótimas receitas ela fala do berrante,do peão da fazenda, do fogão a lenha,do peão de rodeio,da festa do peão de boiadeiro, da queima do alho, da catira, do churrasco, do café.

 Eu conhecia por GALINHADA, em Angatuba é ARROZ COM FRANGO, o sabor é o mesmo...

Ingredientes
1 galinha caipira temperada de véspera, com 2 colheres (de sopa) de vinagre, 3 dentes de alho, 1 colher (de sopa) rasa de sal, pimenta do reino e pimenta ardida. 
5 colheres(de sopa) de óleo
2 cebolas médias picadas
3 dentes de alho picadinhos
3 xícaras (de chá) de arroz cru, lavado e escorrido
5 xícaras (de chá) de água
1/2 xícara (de chá) de cheiro-verde picadinho

Modo de preparar

Corte a galinha pelas juntas e os pedaços maires em dois. Tempere-a, de véspera, com vinagre, alho, sal, pimenta do reino e pimenta ardida. Deixe-a na geladeira por uma noite.
Em uma panela de pressão de 5 litros, esquente o óleo e frite nele a galinha, até dourar.
Cubra com água quente e feche a pressão. Após pegar pressão, deixe cozinhar de 40 a 50 minutos em fogo médio. Para saber se está cozida, espete o garfo na coxa da galinha.Estando macia a carne, retire-a do caldo que se formou e reserve, assim como o caldo e o excesso de óleo separado. Em uma panela média de alumínio grosso ou de ferro, esquente 3 colheres de sopa do óleo reservado, acrescente a galinha, as cebolas, o alho e o arroz, fritando-os muito bem, nessa sequência.
Coloque água(aproveite a reservada do cozimento da panela de pressão), prove o sal e as pimentas e incie o cozimento.Use fogo forte e panela destampada até a água começar a secar. Então acrescente o cheiro-verde, abaixe bem o fogo e tampe a panela.
Quando acabar de secar a água, prove o arroz.Se for necessário, pingue mais um pouco de água.O ponto é úmido.Sirva 10 minutos após desligar.
Se você fizer essa receita trocando a galinha por 1,5 kg de suan de porco, o resultado é outro prato típico. 
Moro num lugar
Numa casinha inocente do sertão
De fogo baixo aceso no fogão, fogão à lenha ai ai ...
..
 Galopando vou
Depois da curva tem alguém
Que chamo sempre de meu bem, a me esperar (a me esperar)


Victor e Leo

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Festa de Rodeio


Começo a sentir uma animação nada convencional para mim nesta época...
Passou a pouco um carro na rua anunciando a Festa de Rodeio, o que me remeteu a boas recordações...
Há cinco anos, em um período de grandes graças na minha vida fomos morar em Barretos que é oficialmente a terra do rodeio, das grandes festas de peão. E foi  deste jeitinho que a cidade se apresentou pra nós.
A Festa do Peão que acontecesse em Barretos é uma das mais famosas do Brasil e tem o reconhecimento internacional. A adrenalina que corre solta na arena, e a emoção do público fazem da festa um show que merece ser assistido.
Na primeira vez que fomos à Festa, o grande sucesso era uma musica chamada Vai galera, coração, do Edson e Hudson. 
De repente, toda arena vira em uma batida TUM TUM TÁ TUM TUM TÁ, acompanhada de palmas e intervalos de batidas de pé, em um som que vem de todos os lados  em total sincronia.


A montaria em cavalos, touros, a prova de laço, de tambor traz para a arena adultos e  crianças em busca dos grandes prêmios.
A estrutura do Rodeio dos Independentes  é montada para funcionar dia e noite, sem interrupção.E, quando se caminha em meio aos ranchos locados dentro do Parque do Peão, pode-se facilmente entender a fascinação pela Festa, afinal são várias festas, ao mesmo tempo, o tempo todo.

Hoje, moro em uma cidade bem menor, a festa é bem menor, os cantores são em número menor, não há ranchos, nem uma arena da dimensão da que é montada em Barretos. Mas a sensação de festa é a mesma.
A dedicação das pessoas que vejo trabalharem em função da festa é a mesma. 
A alegria no rosto das pessoas é ainda maior, pois quem mora em Barretos costuma se ausentar em época de Festa. Aqui, quem vive na cidade ama o Rodeio.
Sinto ainda que a cada ano que passa o Rodeio de Angatuba tem conquistado mais adeptos, afinal é entretenimento de qualidade e gratuito que atrai pessoas de toda a Região. Aqui, o sertanejo universitário a cada ano ganha mais espaço e os antigos sucessos gravados pelas primeiras duplas sertanejas, hoje são cantados em novas vozes, algumas até desconhecidas nas grandes cidades.
Por óbvio que a Festa em Angatuba é bem menos pomposa do que a Festa de Barretos, mas tem um charme interiorano que poucas cidades no Brasil ainda conseguem manter.
Agora é só esperar. E o meu coração tá só no Tumtumtá...Tumtumtá...Tumtumtá

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Carnaval

As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
Clarice Lispector


Por que será que tem gente que ama carnaval e tem gente que simplesmente não suporta?
A questão não é ir ou não ir ao Carnaval, mas sim porque tanto repúdio.
Em que pese a grande maioria da população brasileira ser adepta do carnaval, seja ele de rua, de salão, de bloco, de trio, Escolas de Samba....o carnaval definitivamente não é uma paixão unânime.
De poucos anos pra cá tenho me atentado que algumas pessoas vão para retiros, fazem viagens, ou simplesmente se escondem para não vivenciar a festa.Já refleti sobre várias possibilidades.
Será que o desprezo não é pela esbaldação do povo? Esta é a temporada do  ''livre'' para fazer tudo o que vier na cabeça.
Ou será que é pela falta de qualidade musical? 
Será que ainda existe alguém que acredita que as músicas criadas para o Carnaval são destinadas à arte? 
Ou ainda, será que existem pessoas que consideram o gosto pela folia como falta de inteligência? Falta de refinamento?
Eu, particularmente posso afirmar que não acredito que meu gosto musical seja carnavalesco, mas com certeza para aquele momento o ritmo é bem acertado.
Talvez seja o saudosismo de quando os carnavais eram em clube ou de quando começaram a ir para as ruas da época que jogavam água nos foliões, de quando o Carnaval era uma grande festa à fantasia.
Mas eu amo Carnaval e acredito que esse meu amor está fundado exatamente nas recordações daqueles tempos, afinal, amor que é amor precisa de tempo para se solidificar.
Já tive a honra de desfilar no Carnaval de São Paulo, e posso afirmar que a alegria é contagiante, um dos maiores espetáculos do Brasil. Um show de criatividade, arte, alegria e muito samba. Quem vai para assistir se agita nas arquibancadas durante toda a noite. Vale a pena conferir.



Há quem afirme ter nojo...que diga que não gosta de suor,  multidões, batucadas.
Nos meus pensamentos mais íntimos me pergunto- Ninguém ama suor, mas será que é o caso de odiar?Será que as pessoas não têm pelo menos uma boa recordação suada?
Multidão em qualquer grande espetáculo mundial tem!
Agora quanto às batucada.....elas são o coração no nosso País e, só quem é realmente brasileiro, verde amarelo, em qualquer lugar do mundo pode sentir isso.

Há ainda a hipocrisia dos mais fervorosos....
Nesta época os pecados capitais são aguçados e há até quem diga que se trata da  festa do Diabo.
Pensando assim, a Luxúria é o pecado mais característico desta época onde a  sensualidade e sexualidade transbordam impondo-se aos costumes padrões.
E a  Gula é muito maior no beber do que no comer, bebe-se infinitamente mais do que o corpo precisa( é tem alguns corpos que precisam), apenas pelo prazer.
E a Soberba, o orgulho manifesta-se claramente pela imposição de quem é quem, até neste período.Imagine se alguém que chegou ao status de destaque de uma Escola de Samba voltará a sambar no chão, nunca, nunquinha. E Rainha de bateria?Fazem exigências absurdas, por toda fome que tiveram que passar para estar ali.
E os " famosos" Na maioria celebridades instantâneas que não podem ser tocadas ou contrariadas. 
Imagine que em Salvador o governo do Estado da Bahia criou Observatórios de Descriminaçao e Violencia e é aí que a Ira normalmente se impõe aos Grupos LGBT, as mulheres e outras minorias.
E a vaidade nem se fale...que linda.
Mas, nesta época nem se ouve falar na  Avareza, mas no mês que vem...
Ah, a preguiça, essa dorme de sexta até quarta de cinzas quando sofre, sofre, sofre pra trabalhar depois do meio dia.
Mas tudo isso passa...Deus é Pai! Garanto que já perdoou faltas mais graves...

Carnaval é diversão e não cultura, nada tem a ver com religião ou status social!